O QUE É A BICICLETADA???
Há algum tempo, várias pessoas me perguntam o que é a Bicicletada, quando acontece, por quê acontece. Eis um texto que irá esclarecê-los, escrito pelo Thiago. Bom proveito, boa leitura!!
O que é a bicicletada? A melhor definição que encontrei (dita peloBruno, professor de Ioga que apareceu na Vaga Viva no ano passado) foi a de que é uma "iniciativa civil" que acontece inspirada pelo movimento de massacrítica.
Por iniciativa civil, temos algo diferente de uma ONG (que é uma ORGANIZAÇÃO civil). A bicicletada não é uma organização, é uma iniciativa na medida em que seus participantes decidem aparecer no local combinado e têm autonomia para propor atividades, concordar, discordar, levar panfletos, cartazes, etc.
A bicicletada, como as massas críticas que acontecem em outros países,são uma espécie de "coincidência combinada". Nos encontramos e decidimos pedalar para o mesmo local. É claro que na verdade não é só isso. Para que essa coincidência combinada aconteça pessoas fazem alguns trabalhos antes da data. Mas não somos organizadores, somos participantes ou no máximo promotores, pois todos podem levar o que quiser para o dia do encontro ou propor atividades aos outros participantes.
Em muitas cidades os eventos de massa crítica possuem associações ou ongs que ajudam a promover as bicicletadas, mas a essência da livre iniciativa e da autonomia são preservadas, ou seja, as associações ou ONGs fazem o mesmo papel que nós aqui nesta lista, que discutimos e fazemos coisas para que a bicicletada aconteça.
Como diz a definição de Bicicletaa na Wikipedia: existem variações regionais. Em uma cidade os participantes podem estabelecer um caráter anti-automobilista, em outras mais pró-bicicleta. Nos EUA, onde essa história toda começou, temos desde bicicletadas absolutamente lúdicas,passeios (como na Flórida) e outras absolutamente engajadas em questões políticas mais amplas, que estão direta ou indiretamente relacionadas com as "causas" da massa crítica.
Por exemplo: vejam este vídeo de Nova Iorque:
http://www.youtube.com/watch?v=LEPUchyKiA0 ou visitem alguns dos blogues de lá. Os caras estão lutando contra o Bush(http://bikeblog.blogspot.com), contra a guerra e contra a instauração de um estado totalitário causada pela "guerra ao terror".
Ou em Madrid(http://www.youtube.com/watch?v=0g_7tJXFjd8), onde os caras já fizeram bicicletadas por moradias dignas e contra a especulação imobiliária.
Em Toronto, (http://bikelanediary.blogspot.com/2007/04/toronto-critical-mass-2007.html), é sempre uma festa.O que une a todas estas iniciativas aparentemente tão distintas? Creio que seja a idéia de, construção coletiva de cidades mais humanas, onde a prioridade é as pessoas e não os carros, a especulação, a guerra, o autoritarismo, a violência.
Todas estas questões estão direta ou indiretamente relacionadas à existência das massas críticas. A convivência entre as pessoas em um evento onde elas podem se manifestar livremente, se divertir e conhecer outras pessoas sem estarem condicionadas a uma finalidade ou a paradigmas de convivência estabelecidas (pelo mercado, pelo governo, pela sociedade).
É algo cada vez mais raro e eu acho que é disso que se trata a bicicletada: um espaço para somarmos força, para reivindicarmos nosso direito de ir e vir, para nos divertirmos, para articularmos e impulsionarmos o uso desta coisa tão maravilhosa que é a bicicleta (uma antítese natural da guerra, do autoritarismo, do motor, da violência e da especulação).
*A bicicletada precisa crescer?*
Sim e não. É claro que passa pelas cabeças de cada um pedalarmos com centenas de ciclistas pelas ruas, numa verdadeira massa crítica. Mas sinto que estamos vivenciando um processo incrível de "crescimento sustentável" da Bicicletada. O número de participantes não tem sido inferior a 15 pessoas e fazia muito tempo que isso não acontecia. E porque essas pessoas têm aparecido? Creio que elas sentem sentem que a bicicletada não é apenas um passeio, que não é apenas uma manifestação reivindicatória por algo, mas sim um espaço de troca e de construção de algo que ainda está muito distante dos nossos horizontes, mas para onde todos queremos rumar.
O que fazemos é único em São Paulo. Não existe nada similar na cidade.Não existe nenhum espaço livre à participação dos cidadãos para discutir e principalmente agir pela mobilidade como a Bicicletada.
Combinamos passeio, diversão, arte, educação, cidadania e articulação política e numa só iniciativa. Somos poucos? Em número absoluto, sim. Mas em potencial de mudar as coisas ao nosso redor, com certeza não.
Neste sentido, acho que o crescimento da bicicletada é inexorável, ou seja, vai acontecer, já está acontecendo. Creio que nossa preocupação de se estender a dois campos complementares:
1) estratégias para potencializar essa natureza única da bicicletada,conquistando mais adeptos. Mas não devemos buscar ovelhas que seguem um pastor que lhes promete o paraíso, mas sim pessoas que se identifiquem com aquilo que acontece e que se coloquem por inteiro, com respeito e abertura para construir coletivamente ou ao menos para participar dos eventos por afinidade com o que acontece ali (e não esperando alguma conquista imediata, ainda que elas possam existir).
2) fortalecimento das características que têm permitido à Bicicletada existir e ganhar força ao longo destes anos......
Thiago
E pra quem não sabe, em São Paulo a Bicicletada acontece na última sexta de cada mês, a partir da Praça do Ciclista, esquina da Av. Paulista com Av. Consolação, 18h30.
Visitem http://www.bicicletada.org/ e http://apocalipsemotorizado.blogspot.com/
O que é a bicicletada? A melhor definição que encontrei (dita peloBruno, professor de Ioga que apareceu na Vaga Viva no ano passado) foi a de que é uma "iniciativa civil" que acontece inspirada pelo movimento de massacrítica.
Por iniciativa civil, temos algo diferente de uma ONG (que é uma ORGANIZAÇÃO civil). A bicicletada não é uma organização, é uma iniciativa na medida em que seus participantes decidem aparecer no local combinado e têm autonomia para propor atividades, concordar, discordar, levar panfletos, cartazes, etc.
A bicicletada, como as massas críticas que acontecem em outros países,são uma espécie de "coincidência combinada". Nos encontramos e decidimos pedalar para o mesmo local. É claro que na verdade não é só isso. Para que essa coincidência combinada aconteça pessoas fazem alguns trabalhos antes da data. Mas não somos organizadores, somos participantes ou no máximo promotores, pois todos podem levar o que quiser para o dia do encontro ou propor atividades aos outros participantes.
Em muitas cidades os eventos de massa crítica possuem associações ou ongs que ajudam a promover as bicicletadas, mas a essência da livre iniciativa e da autonomia são preservadas, ou seja, as associações ou ONGs fazem o mesmo papel que nós aqui nesta lista, que discutimos e fazemos coisas para que a bicicletada aconteça.
Como diz a definição de Bicicletaa na Wikipedia: existem variações regionais. Em uma cidade os participantes podem estabelecer um caráter anti-automobilista, em outras mais pró-bicicleta. Nos EUA, onde essa história toda começou, temos desde bicicletadas absolutamente lúdicas,passeios (como na Flórida) e outras absolutamente engajadas em questões políticas mais amplas, que estão direta ou indiretamente relacionadas com as "causas" da massa crítica.
Por exemplo: vejam este vídeo de Nova Iorque:
http://www.youtube.com/watch?v=LEPUchyKiA0 ou visitem alguns dos blogues de lá. Os caras estão lutando contra o Bush(http://bikeblog.blogspot.com), contra a guerra e contra a instauração de um estado totalitário causada pela "guerra ao terror".
Ou em Madrid(http://www.youtube.com/watch?v=0g_7tJXFjd8), onde os caras já fizeram bicicletadas por moradias dignas e contra a especulação imobiliária.
Em Toronto, (http://bikelanediary.blogspot.com/2007/04/toronto-critical-mass-2007.html), é sempre uma festa.O que une a todas estas iniciativas aparentemente tão distintas? Creio que seja a idéia de, construção coletiva de cidades mais humanas, onde a prioridade é as pessoas e não os carros, a especulação, a guerra, o autoritarismo, a violência.
Todas estas questões estão direta ou indiretamente relacionadas à existência das massas críticas. A convivência entre as pessoas em um evento onde elas podem se manifestar livremente, se divertir e conhecer outras pessoas sem estarem condicionadas a uma finalidade ou a paradigmas de convivência estabelecidas (pelo mercado, pelo governo, pela sociedade).
É algo cada vez mais raro e eu acho que é disso que se trata a bicicletada: um espaço para somarmos força, para reivindicarmos nosso direito de ir e vir, para nos divertirmos, para articularmos e impulsionarmos o uso desta coisa tão maravilhosa que é a bicicleta (uma antítese natural da guerra, do autoritarismo, do motor, da violência e da especulação).
*A bicicletada precisa crescer?*
Sim e não. É claro que passa pelas cabeças de cada um pedalarmos com centenas de ciclistas pelas ruas, numa verdadeira massa crítica. Mas sinto que estamos vivenciando um processo incrível de "crescimento sustentável" da Bicicletada. O número de participantes não tem sido inferior a 15 pessoas e fazia muito tempo que isso não acontecia. E porque essas pessoas têm aparecido? Creio que elas sentem sentem que a bicicletada não é apenas um passeio, que não é apenas uma manifestação reivindicatória por algo, mas sim um espaço de troca e de construção de algo que ainda está muito distante dos nossos horizontes, mas para onde todos queremos rumar.
O que fazemos é único em São Paulo. Não existe nada similar na cidade.Não existe nenhum espaço livre à participação dos cidadãos para discutir e principalmente agir pela mobilidade como a Bicicletada.
Combinamos passeio, diversão, arte, educação, cidadania e articulação política e numa só iniciativa. Somos poucos? Em número absoluto, sim. Mas em potencial de mudar as coisas ao nosso redor, com certeza não.
Neste sentido, acho que o crescimento da bicicletada é inexorável, ou seja, vai acontecer, já está acontecendo. Creio que nossa preocupação de se estender a dois campos complementares:
1) estratégias para potencializar essa natureza única da bicicletada,conquistando mais adeptos. Mas não devemos buscar ovelhas que seguem um pastor que lhes promete o paraíso, mas sim pessoas que se identifiquem com aquilo que acontece e que se coloquem por inteiro, com respeito e abertura para construir coletivamente ou ao menos para participar dos eventos por afinidade com o que acontece ali (e não esperando alguma conquista imediata, ainda que elas possam existir).
2) fortalecimento das características que têm permitido à Bicicletada existir e ganhar força ao longo destes anos......
Thiago
E pra quem não sabe, em São Paulo a Bicicletada acontece na última sexta de cada mês, a partir da Praça do Ciclista, esquina da Av. Paulista com Av. Consolação, 18h30.
Visitem http://www.bicicletada.org/ e http://apocalipsemotorizado.blogspot.com/
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